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Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão realiza parto com intérprete em libras

20/02/2018

Do acolhimento até o pós-parto, mãe contou com auxílio de profissionais que participam do projeto ‘Saúde em Libras’

A dona de casa Maria Lúcia Ferreira, deficiente auditiva de 30 anos, realizou um sonho, nesta segunda-feira (19), na Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão: fazer o parto do quarto filho com o acompanhamento de um intérprete em libras. O atendimento foi possível devido à qualificação da equipe que, desde o início de fevereiro, participa do curso “Saúde em Libras”, coordenado pelas secretarias de Estado da Saúde do Maranhão (SES) e Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), e implementado junto aos profissionais da Maternidade de Alta Complexidade, Nossa Senhora da Penha e Benedito Leite, todas em São Luís e gerenciadas em parceria com o Instituto Acqua. A qualificação da equipe representa um diferencial de atendimento das maternidades públicas brasileiras.

“A presença do intérprete em libras faz parte do processo de humanização. Do pré-natal até o pós-parto, a mediação desse profissional contribui para que a gestante se sinta mais segura, porque consegue se comunicar com toda a equipe, ao mesmo tempo em que oferece maior segurança para os profissionais”, explicou a diretora clínica da maternidade e médica ginecologista obstetra, Alrineth Araújo Leite.

Quando chegou na maternidade, por volta das 15h, Maria Lúcia Ferreira, com 39 semanas de gestação, foi recebida pela coordenadora de recepção da unidade e aluna do ‘Saúde em Libras’, Nazaré Teixeira. “Para mim foi um prazer atender uma paciente com deficiência auditiva, até porque faço parte do curso de libras da unidade. Então, no momento que ela chegou, pediu que me procurassem, porque já me conhecia pelo acompanhamento do pré-natal. Quando me viu, colocou a mão no coração, expressando que estava aliviada. O curso é um ganho para toda unidade”, ressaltou Nazaré.

Foi ao lado de duas intérpretes de sinais que os médicos Alrineth Araújo Leite e Clemilson Alves da Silva realizaram o parto cesáreo, entregando às 18h50 o pequeno Michael, com 4,3kg, nos braços da mãe. Para a avó, Regina Ferreira, o atendimento fez a diferença, porque ela não domina a língua de sinais. “Eu improviso para conseguir falar com ela. Então, nesse momento de nervosismo e ansiedade fica bem mais difícil e foi um alívio encontrar pessoas preparadas na maternidade”, destacou Regina.

Maria Lúcia Ferreira, com o auxílio de Nazaré, explicou que foi a realização de um sonho conseguir expressar o que sentia antes e depois de entrar na sala de parto, o que aumentou a felicidade de ter mais um filho.

Com mais esse marco na história da Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão, o Instituto Acqua, em parceria com a SES e Sedihpop, assegura o direito de mais um direito do cidadão. “Foi muito importante participar desse momento. O povo maranhense e a sociedade em geral precisam disso. O paciente deve saber o que está sendo feito. Para nós da área de saúde faltava a possibilidade de diálogo com o deficiente auditivo, para informar e orientar sobre o que está acontecendo e deixar a gestante mais segura. Tudo foi interessante e positivo. Até consegui aprender e trocar alguns sinais com ela. Gostei bastante”, afirmou o médico obstetra Clemilson Silva. 

Projeto ‘Saúde em Libras’ – As secretarias de Estado da Saúde e de Direitos Humanos e Participação Popular, de forma integrada, são pioneiras na implantação do projeto ‘Saúde em Libras’ no Maranhão, para capacitar os profissionais da rede estadual de saúde, otimizando o acesso e a qualidade do atendimento para a pessoa surda e seus familiares.

O projeto ‘Saúde em Libras’ teve início pelas maternidades, mas se estenderá como formação para outros profissionais de saúde das unidades estaduais, sejam elas de urgência e emergência, alta complexidade ou saúde mental, respeitando a singularidade da oferta de cada serviço.

 

Fotos: Nael Reis/Secap