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Captação de córneas no Hospital Dr. Carlos Macieira (MA) ajuda a diminuir fila de transplante

19/04/2019

Cada doador retira duas pessoas da espera, que atualmente chega a 400; taxa de doadores efetivos cresceu

Cerca de 400 pessoas aguardam o transplante de córnea no Maranhão. O Hospital Dr. Carlos Macieira (HCM), que o Instituto Acqua gerencia em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) em São Luís, faz a captação e em 2018 conseguiu que 42 pessoas saíssem desta fila. 

Os transplantes de órgãos e tecidos crescem gradativamente no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), a taxa de doadores efetivos cresceu 2,4% em 2018 em relação ao ano anterior, o que significa que 3.531 pessoas doaram.
Já em relação aos transplantes de córnea, segundo a entidade, o Maranhão foi o 12º estado no ranking em 2018 e realizou 273 transplantes dentre os 14.809 feitos no País no ano.

A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) da unidade faz buscas ativas diariamente nos setores para reforçar aos profissionais que casos possíveis de doação sejam comunicados imediatamente à comissão e inicie o processo de avaliação e contato com a família.

“Quando surge um caso, avaliamos se está dentro das condições para doação e orientamos a família sobre esta possibilidade. É um momento de dor e não fazemos o convencimento, apenas explicamos sobre o tema”, explicou a coordenadora da Comissão CIHDOTT, Luiza Nóvoa.

Para a dona de casa Maria Sousa dos Reis, a decisão da doação das córneas do filho não foi fácil. “Muita gente da minha família me criticou, mas fiz o que ele gostaria. Tudo que ele fazia era para ajudar o próximo. E também pensei se fosse eu que estivesse no fim da fila e recebesse esta córnea”. O filho faleceu aos 36 anos em decorrência de um acidente de motocicleta. Era professor de matemática e educação física e tinha um filho de 4 anos, que ficou sob os cuidados da avó.

A córnea é doada geralmente por paciente internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com morte encefálica, depois de traumatismo craniano (TCE) ou derrame cerebral (AVC). A retirada dos órgãos e tecidos é realizada no centro cirúrgico do Hospital Universitário e segue toda a rotina das grandes cirurgias. A retirada de córnea pode ser realizada até seis horas após a parada cardíaca. E para cada doador, duas pessoas saem da fila de espera.  “A doação precisa  estar dentro deste padrão. Com isso, tiramos 42 pessoas da fila no ano passado e quatro este ano. Atualmente a fila ainda está em torno de 400 pessoas”, disse Luiza. 

Em 2018, eram 375 pessoas que aguardavam por transplante de córnea no Maranhão, de acordo com os dados da ABTO.  Alandickson Lago, 35 anos, conseguiu o transplante para um dos olhos e agora aguarda para fazer o do outro. Em 2010 foi diagnosticado com Ceratocone, que é uma doença ou condição que altera a forma da córnea. Ele usou lentes especiais, apesar do incômodo e de alterar algumas atividades da rotina, e entrou para afila do transplante, mas como não era um caso gravíssimo, aguardou. No ano passado, a córnea do lado esquerdo perfurou e então Alandickson foi para a fila de emergência de transplante e esperou apenas uma semana. “A cirurgia foi ótima e agora faço apenas exames regularmente. Tinha receio de fazer e o corpo não se adaptar. Agora aguardo ansioso pela do olho direito para que tenha de fato uma vida mais normal”.

A equipe CIHDOTT também faz a triagem da captação para doação de rins e fígado. Neste caso, o doador tem que estar vivo e é transferido para o Hospital Universitário para realização do procedimento.