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Campanha Março Lilás do Hospital Dr. Carlos Macieira (MA) promove diálogo sobre prevenção do câncer e enfrentamento à violência contra mulher

17/03/2019

Em dois dias de atividades, a unidade de saúde promoveu palestra sobre câncer de colo de útero e roda de conversa  

A prevenção contra o câncer de colo uterino é o objetivo da campanha Março Lilás, que, anualmente, mobiliza as unidades de saúde a promoverem ações de conscientização com temas transversais. Em São Luís (MA), o Hospital Dr. Carlos Macieira (HCM), unidade gerenciada pelo Instituto Acqua e Secretaria de Estado da Saúde (SES), realizou dois dias de atividades com palestra e roda de conversa.

A roda foi realizada no auditório da unidade, na última quinta-feira (15/03), com integrantes do Conselho Municipal da Condição Feminina (CMCF) de São Luís, estudantes do curso de Fisioterapia da Universidade Maurício de Nassau (Uninassau) e profissionais do HCM. Com o tema “O papel da saúde no enfrentamento à violência contra a mulher”, foram apresentados dados relacionados à violência de gênero e formas de identificar práticas de violência por profissionais de saúde no ambiente hospitalar.

Sílvia Leite, profissional de saúde e membro da CMCF, iniciou a roda trazendo reflexões sobre porque as mulheres sofrem tanta violência e desrespeito na sociedade e porque o homem jovem representa o principal agressor. “A sociedade patriarcal delimitou uma estrutura de funções diferenciadas para o homem e para a mulher. O movimento de mulheres, ao longo da história, veio questionar novos espaços de trabalho e posição de poder e esse incômodo na estrutura se manifesta em formas de violência”, destacou.

A conselheira municipal falou ainda sobre a importância política do dia 8 de março para a luta das mulheres no mundo e que a construção dos papéis sociais com recorte de gênero foi atribuindo ao homem a responsabilidade das atividades e funções de uma vida pública e, para a mulher, o ambiente privado. “O movimento feminista veio questionar a igualdade de direitos a homens e mulheres e reivindicar direitos, como o não-controle do corpo, a tripla jornada de trabalho exaustiva entre o ambiente doméstico e o mundo produtivo, entre outras questões”, complementou Sílvia.

Maria de Ribamar Fernandes Cardoso, também conselheira municipal e membro da Comissão da Mulher e da Advogada, trouxe ao debate aspectos da interpretação jurídica sobre a violência contra a mulher. “Precisamos nos apropriar de informações para ter consciência sobre práticas de violência que acontecem diariamente para modificar a nossa realidade”, pontuou.

A violência não é uma prática identificada somente nas violações mais graves, como o homicídio e o estupro. Segundo Maria de Ribamar, condutas criminosas acontecem a todo instante e são praticadas por todos nós nas relações sociais, porém, tais práticas não devem ser naturalizadas, como é o caso da violência obstétrica em maternidades, exemplificou.

Com a criação da Lei Maria da Penha, em 2006, foram tipificadas cinco formas diferentes de violência contra a mulher: a violência física, psicológica, sexual, simbólica e patrimonial. A conselheira relembrou o escândalo de assédio sexual do ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, contra uma funcionária da Casa Branca e que quase o fez perder o cargo. “O assédio para ser comprovado e considerado um crime precisa ter uma recorrência para termos provas que instruam a área jurídica”, lembrou Maria de Ribamar.

Para a estudante de Fisioterapia, Sandra Soares Mendonça, 26 anos, reconhecer e identificar práticas de violência contra a mulher foi um debate importante. “Minha sogra já passou por uma situação de assédio dentro do ônibus e foi muito constrangedor. É muito importante a gente aprender a identificar e agir contra, denunciar”, disse.

O encerramento da roda de conversa foi marcado por um momento musical e distribuição de flores a algumas participantes. A programação contou, no dia anterior, com palestra sobre câncer de colo de útero e conscientização sobre a musculatura pélvica.

Março Lilás – A campanha leva informação e estimula a população feminina para os cuidados de prevenção contra o câncer de colo uterino, além de alertar para os principais sinais e sintomas que devem direcionar a mulher a buscar ajuda médica.
No Maranhão e na região Norte, o câncer de colo uterino ocupa o primeiro lugar nas causas de câncer e de morte por câncer entre as mulheres, estando à frente, inclusive, do câncer de mama. 
Apesar desses dados desoladores, esse é um dos cânceres com maior potencial de prevenção, pois está associado à infecção pelo vírus HPV (Papiloma Vírus Humano), uma infecção que pode ser evitada, acompanhada e tratada ainda em fases iniciais.